Retratação de Ivan IV, dos reis mais loucos da história.
Que o poder sobe à cabeça e enlouquece as pessoas nós já sabemos. Você provavelmente deve conhecer o caso de alguém que mudou radical e negativamente sua forma de agir após adquirir certo poder ou posição privilegiada na sociedade. No entanto, as consequências dessa relação entre poder e insanidade são infinitamente mais perigosas quando estamos diante de um regime absolutista, por exemplo, no qual os reis possuem todo o poder em suas mãos. Imagine governantes loucos que não podem ser questionados… Um verdadeiro caos! E pior que, se olharmos para trás, veremos que tal cenário se repetiu diversas vezes ao longo dos anos. Abaixo tentamos montar uma lista de alguns dos reis mais loucos da história e suas maiores bizarrices: algumas são até cômicas, embora a maioria não tenha a menor graça.
Luís II (1845-1886)
Extremamente tímido e introspectivo, Luís II se tornou rei da Baviera em 1864. O monarca não tinha muitas habilidades em finanças, diplomacia ou atividades militares: tudo que lhe interessava eram as artes e seus projetos faraônicos de arquitetura. Foi Luís II que mandou construir o luxuosíssimo Castelo de Neuschwanstein, que acabou servindo de inspiração para o “Castelo da Cinderela”, símbolo dos estúdios Disney.
Devido ao seu comportamento excêntrico e ao fato de quase ter quebrado o reino com suas obras mirabolantes, o rei da Baviera foi diagnosticado como louco em 1886, embora muitos digam que tal diagnóstico não tenha se passado de uma manobra política da oposição para tirá-lo do poder.
Sultão Mustafá (1592-1639)
Mustafá foi um governante do Império Otomano que assumiu o poder após a morte de seu irmão, Ahmed I. É bem provável que sua loucura tenha se originado a partir dos 14 anos que permaneceu trancafiado em uma sala do palácio real, sem nenhum contato humano.
As bizarrices de Mustafá foram até leves se comparadas com as de outros malucos dessa lista. O sultão costumava nomear pessoas aleatórias, servos ou camponeses para cargos essenciais do governo. Além disso, seu hobby preferido era jogar objetos valiosos pela janela do palácio e assistir ao povo brigando entre si para ver quem ficaria com aquilo.
Ana da Rússia (1693-1740)
Ana se tornou imperatriz da Rússia em 1730, após a morte de Pedro II. A intenção do Conselho Privado Russo era mantê-la como uma espécie de “fantoche”, porém na prática tais planos deram muito errado. Ana da Rússia se tornou uma Czarina extremamente autoritária, poderosa e atormentou a vida da aristocracia por muito tempo.
Um famoso exemplo de sua loucura foi ter obrigado um dos príncipes a se casar com sua serva. Detalhe: os noivos tinham que usar roupas de palhaço e o casamento foi feito em um castelo de gelo, local onde os pombinhos também foram obrigados a passar a noite. Tudo isso durante o rigoroso inverno russo.
Justino II (520-578)
Após sofrer grandes derrotas militares para os persas, o imperador bizantino Justino II foi progressivamente perdendo sua lucidez. A princípio, o governante passou a ouvir vozes e a se esconder debaixo da cama. Na tentativa de se acalmar e relaxar sua mente, ordenou que tocassem instrumentos musicais calmos como o órgão em todo o palácio, 24 horas por dia, terapia que acabou não se mostrando muito válida. Na verdade, a loucura de Justino II só piorou, a ponto de o imperador começar a morder violentamente seus súditos.
Carlos VI, o louco (1380-1422)
Carlos VI governou a França por bastante tempo, em uma época na qual as condições políticas e econômicas da nação francesa haviam melhorado significativamente. Tudo começou a desandar quando em 1392, a caminho da Bretanha com seu exército, o monarca surtou, matou quatro cavaleiros e quase feriu seu irmão, Luís de Orléans.
Desde então, seu quadro de insanidade só se agravou. Em certo momento, o rei não mais se lembrava de quem era e surtos como correr desesperadamente pelos corredores do castelo passaram a ser frequentes. O ápice da loucura de Carlos VI foi quando este se convenceu de que era feito de vidro, tendo permanecido imóvel por diversas horas devido ao medo de se “quebrar”.
Ivan IV, o Terrível (1530-1584)
Ivan IV é considerado ao mesmo tempo um dos mais importantes e temidos governantes da Rússia. Sua difícil infância foi marcada pela morte precoce de seus pais (sua mãe fora envenenada) e pelos constantes abusos e maus tratos que foi submetido durante a época que ficou sob a tutela dos membros da nobreza. Nessa época, Ivan IV já mostrava indícios de crueldade ao maltratar e torturar pequenos animais.
Após assumir o poder aos 16 anos, o Czar deu início a um governo marcado por radicalismos, paranoia e violência, principalmente para com a nobreza. Não é à toa que Ivan IV está no topo da nossa lista de reis mais loucos da história: para se ter uma ideia, o monarca condenou seu tesoureiro a morrer cozido em um caldeirão, atirava seus adversários aos cães, cegou seus arquitetos para que estes não fossem capazes de projetar nada melhor que seu próprio palácio, entre diversas outras crueldades. A paranoia de Ivan IV era tanta que o Czar chegou a matar seu próprio filho com seu cetro de ferro após um ataque de raiva.
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