Biografia de Platão (427 – 347 a. C.)

Platão
Platão

Filósofo e matemático grego, provavelmente nascido em Atenas, fundador da Academia Ateniense, onde se reuniam ou para a qual afluíam os principais mestres e pesquisadores da época, entre os quais se destacou seu discípulo mais célebre Eudoxo de Cnido, embora ele próprio não tenha sido um notável criador nesta ciência e sim, um guia e inspirador do seu desenvolvimento, tornando-se conhecido como um criador de matemáticos. Escrevendo em grego foi o criador do platonismo, doutrina caracterizada principalmente pela teoria das idéias e dos números e pela preocupação com os temas éticos, com base no conhecimento das verdades essenciais que determinam a realidade visando toda meditação filosófica ao conhecimento do Bem, conhecimento este que supunha suficiente para a implantação da justiça entre os estados e entre os homens. Seu pensamento foi absorvido pelo cristianismo primitivo, dominando a filosofia cristã antiga e medieval, e, junto com seu mestre e amigo Sócrates e o discípulo Aristóteles, lançou os alicerces sobre os quais se assentaria as bases de toda a filosofia ocidental.

Parece ter iniciado seus estudos filosóficos com o mestre sofista Crátilo, seguidor de Heráclito, antes de conhecer o célebre Sócrates (409 a. C.), do qual se tornou um quase adorador de seu mestre filosófico, este um crítico dos maus hábitos e dos governos de Atenas, o que causou sua condenação à morte. Após à morte de Sócrates (399 a. C.), compreendendo que Atenas havia perdido a liberdade de pensamento, deixou-a e foi viajar pelo mundo helênico, dedicando-se ao comércio e ao estudo por vários anos. Em Cirene estudou Geometria com o velho Teodoro e em Tarento tornou-se amigo do rei-geômetra Árquitas, com quem aprendeu a matemática dos pitagóricos. Em Mégara foi ao encontro de outro discípulo de seu mestre, Euclides.

A convite de Dionísio I o Velho, foi a Siracusa, no sul da Itália, onde se relacionou com outros pitagóricos. Porém suas doutrinas irritaram o tirano que, ao que parece, mandou vendê-lo como escravo no mercado de Egina, de onde foi resgatado por um cirenaico. De volta a Atenas (387 a. C), estudou com Teodoro e Teatecto e iniciou seus ensinamentos filosóficos. Inicialmente não escreveu sobre matemática, só tendo uma visão do assunto após uma visita a seu amigo Arquitas, na Sicília (388 a. C.), tornando-se o seu mais importante discípulo, que voltaria a visitar (367 e 361 a. C.). A convite de Dionísio II, o Jovem, sucessor de Dionísio I, após sua morte (367 a. C.), empreendeu uma segunda viagem à Sicília com o objetivo de pôr em prática suas idéias de reforma política. Novamente em Atenas, fundou sua famosa Academia (360 a. C.), escola destinada à investigação filosófica, onde permaneceu na direção e ensinou até sua morte, aos 80 anos. Ali reuniu um grupo de excelentes geômetras, como Têudio de Magnésia, Âmiclas de Heracléia, Menecmo e seu irmão Dinóstrato, ambos de Atenas, Ateneu de Cízico, Hermótimo de Cólofon e Teacteto de Atenas.

O livro-texto utilizado na Academia fora escrito por Têudio, certamente aproveitando parte dos trabalhos feitos décadas antes por Hipócrates. Nessa época, meio século antes de Euclides, já era empregada a expressão Elementos de Geometria. Muito se avançou, mas continuavam de pé dois grandes desafios: os Três Problemas Clássicos e a parte da Teoria das Proporções envolvendo grandezas incomensuráveis. Ainda empreendeu uma terceira viagem ao sul da Itália, a convite do mesmo Dionísio II, porém teve que fugir de volta para Atenas, acusado de participar das lutas políticas contra o governo, que terminaria exilado por seus atos despóticos (343 a. C.). De espírito bondoso e adepto da filosofia de que o conhecimento deveria ser compartilhado por todos, em oposição, logicamente, ao comportamento dos sofistas.

Em sua época a matemática grega passou por drásticas modificações, surgindo também a álgebra geométrica no lugar da álgebra aritmética, surgindo a homogeneidade das equações, ou seja, a soma de seguimentos só com seguimentos, volume só com volume, etc. A ele se deve o fato da matemática ter-se tornado uma disciplina essencial para a educação dos homens. Ao quadrivium de Arquitas acrescentou a estereometria, pois achava que até então a geometria dos sólidos não tivera a ênfase necessária. Da sua escola devem-se algumas definições interessantes como o ponto é o início de uma reta e esta é um comprimento sem largura, a distinção entre números pares e ímpares e suas operações entre si, etc.

Era revoltado com a utilização de instrumentos (compassos, réguas, etc.) no desenho de figuras, pois tudo deveria ser definido através de equações. Seus trinta e seis trabalhos divididos em nove tetralogias nos chegaram até hoje via o famoso gramático Trisilo. Morreu em Atenas e entre suas principais obras citam-se Timaeus, sobre sólidos regulares, Republica, sobre aritmética, Phaedo, sobre as últimas horas de Sócrates, Leis, sobre cidadania, e Teaetetus, sobre a obra deste. Foi um dos filósofos mais influentes de todos os tempos e seus ideais estéticos e humanistas do Renascimento constituíram também uma recuperação do platonismo. Há elementos platônicos também em pensadores modernos, como Leibniz e Hegel.

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evilson araujo monteiro
evilson araujo monteiro
4 de setembro de 2015 11:14

Sou professor de filosofia e adoro pesquisar sobre tudo que se relaciona à Grécia.