Um dos mais lidos ficcionistas de toda a história literária brasileira nascido numa fazenda de cacau, em Pirangi, Itabuna, BA, cuja obra baseia-se na corrente regionalista da literatura nordestina e foi traduzida para mais de trinta idiomas. Filho de um dos desbravadores da região cacaueira, passou a infância em Ilhéus, onde assistiu à luta entre fazendeiros e exportadores de cacau, que lhe inspirariam temas e tipos romanescos.
Com 12 anos de idade mudou-se para Salvador onde fez o curso secundário e foi morar no Rio de Janeiro (1930) para estudar direito. Iniciou-se nos livros de romance e na política. Vêm então os primeiros livros, a militância comunista, os casamentos: primeiro, com Matilde Garcia Rosa, com quem teve uma filha, morta aos 14 anos de idade; depois, com a escritora Zélia Gattai, que lhe deu mais dois filhos, João Jorge e Paloma, esta assim batizada em homenagem ao amigo Picasso, companheiro seu de exílio francês. Foram tempos difíceis aqueles, principalmente após a implantação da ditadura do Estado Novo.
Entre outras coisas, foi preso no Rio e em Manaus, refugiou-se na Argentina, passou por um confinamento em Salvador e teve Capitães da Areia (1937) apreendido e queimado em praça pública por determinação do governo. Com a redemocratização (1945) foi eleito deputado federal por São Paulo, pela legenda do PCB, para integrar a Assembléia Constituinte, mas a alegria dura pouco. O PCB foi proscrito e todos os membros da bancada do partido tiveram o mandato cassado. Sofrendo fortes pressões políticas, durante cinco anos, viajou pela Europa e Ásia. Tomou o rumo de Paris, mudou-se depois para Praga e correu e percorreu o mundo comunista. Recebeu o Prêmio Stálin, pelo conjunto da obra, que aliás foi editada na então União Soviética com tiragens superiores a 1 milhão de exemplares. E, finalmente (1952), retornou ao Brasil como um escritor de sucesso internacional, graças ao poder da máquina publicitária comunista, sim, mas também graças ao fascínio de sua obra.
Consolidou definitivamente a sua fama mundial com a publicação de, entre outros, Gabriela, cravo e canela (1958) e Dona Flor e seus dois maridos (1966). Não havia mais retorno, com um tremendo sucesso popular e com livros traduzidos em dezenas de idiomas. Fundou o semanário cultural Para todos (1956), que dirigiu, e foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (1961), cadeira no 23. Entre seus vários outros romances estão O país do carnaval (1932), Cacau (1933), Suor (1934), Jubiabá (1935), Mar morto (1936), Terras do sem fim (1942), São Jorge dos Ilhéus (1944), Seara vermelha (1946), Os subterrâneos da liberdade (1952), Os velhos marinheiros (1961), Os pastores da noite (1964), Tenda dos milagres (1969), Teresa Batista cansada de guerra (1973), Tieta do Agreste (1977), Farda, fardão, camisola de dormir (1979), Tocaia grande (1984), O sumiço da santa (1988) e Navegação de cabotagem (1992).
Como obras não romanescas estão O mundo da paz (1950) e o Guia de Salvador Bahia de todos os santos (1945), O cavaleiro da esperança (1945) e ABC de Castro Alves (1941). Detentor de inúmeros e importantes prêmios teve vários de seus trabalhos adaptados para o rádio, a televisão e o cinema. Sua mulher, Zélia Gattai, companheira de toda a vida, iniciou sua própria carreira literária, com o livro de memórias Anarquistas, graças a Deus (1979), a que se seguiram Um chapéu para viagem (1982), Senhora dona do baile (1984), Jardim de inverno (1989) e Chão de meninos (1993). O escritor morreu em Salvador (BA), após sofrer uma parada cardiorrespiratória, quatro dias antes de completar 89 anos de idade.